28/06/2017

Incêndio na Grenfell Tower – Londres




Segundo a BBC, o incêndio na Grenfell Tower em Londres teve início num frigorífico do interior de um apartamento, possivelmente localizado no 4º piso. A compartimentação entre pisos, típica neste tipo de edifícios ingleses, deveria ter contido o incêndio até à chegada da London Fire Brigade, a qual estimou e cumpriu um prazo de intervenção de 6 minutos após o alarme.


No entanto, a situação precipitou-se. O fogo do interior do apartamento rapidamente se alastrou ao revestimento da fachada e daí a todo o edifício. Quando os bombeiros londrinos chegaram ao local, com a ajuda do vento, já a quase totalidade do edifício estava em chamas.


Suspeita-se que a rápida propagação do fogo se deveu ao grau de inflamabilidade do revestimento da fachada. Este edifício de apartamentos de habitação social, construído em 1974, tinha sido alvo de uma recente remodelação. As obras custaram cerca de 10 milhões de euros. Com a finalidade de aumentar a eficiência energética do imóvel e de tornar o edifício esteticamente mais apelativo, a opção para o revestimento das fachadas recaiu sobre um compósito de alumínio cujo núcleo é o polietileno (basicamente, um plástico). A opção por um revestimento com as necessárias caraterísticas de reação ao fogo teria custado mais 3 euros por cada metro quadrado de fachada. No valor total da obra, a diferença seria equivalente a seis mil euros (numa obra com o valor final de 10 milhões de euros este aumento teria sido insignificante).


Este material, comercializado pela norte-americana Harley Facades (Reynobond), é a versão mais barata das suas três versões. Segundo o Times, a aplicação desta versão está banida nos EUA para este tipo de edifícios. As normas europeias aplicadas também em Portugal, exigem que a reação ao fogo destes materiais seja atestada através de ensaios laboratoriais após os quais deve ser emitido por um organismo com competência reconhecida, um relatório de classificação.


Com base nas estatísticas, em Portugal morrem 60 pessoas por ano vítimas de incêndio urbanos (só em Lisboa deflagram diariamente seis incêndios). É importante adicionar este número de óbitos, dos quais ninguém fala, aos ocorridos tragicamente em Pedrogão Grande para percebermos que todas estas mortes poderiam ser evitadas com uma eficaz prevenção e, no nosso caso que lidamos com incêndios em edifícios, com a execução de projetos e planos de prevenção e emergência eficazmente estruturados. Esta responsabilidade é nossa… e não é pouca!


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