23/03/2009

Orxestra Pitagórica - Um cateto de tinto

Orxestra Pitagórica - nome seriamente estranho para quem gosta de brincar com coisas sérias. O que é a Orxestra Pitagórica?

É um grupo musical pertencente à Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra que utiliza o humor como arma crítica sarcástica à condição humana. Nada escapa ao olhar atento e crítico desta Orxestra. Composta exclusivamente por estudantes universitários de Coimbra, cria letras sobre músicas de canções de grande sucesso, nacionais ou estrangeiras. O seu repertório inclui uma vastidão de temas musicais, desde a vertente mais clássica e erudita (óperas, sinfonias...) à música popular portuguesa, passando pelo rock, pela música ligeira e até pela música de elevador e de WC!

A Orxestra Pitagórica é uma miscelânea de criatividades fora do normal, incrivelmente bem conseguidas através de métodos de ensaio experimentais estudados e concebidos em laboratório (in vitro), onde se podem sentir as ligações ao mais sagrado que existe no universo académico coimbrão - a praxe académica e o caloiro. Figura central de uma sociedade académica, o caloiro coimbrão consegue reunir em si as características que a mãe natureza se permitiu criar e cruzar, do asno ao adolescente borbulhado acabado de chegar à cidade. Logo ultrapassada esta fase embrionária, a conjugação das caracterísiticas e dos conhecimentos adquiridos no curso superior e na Pitagórica possibilitará ao caloiro e futuro doutor a ascensão às mais altas e esferas e cargos do país.

A Orxestra desenvolve a sua existência assente em três pilares de excelência:


  • O nível superior da formação musical dos seus executantes - bem patente nas suas composições de uma apurada e complexa execução técnica, fruto de ensaios prolongados onde as repetições até à exaustão se efectuam, normalmente, depois das 02h00 da manhã;


  • O nível da sua criatividade poética - é depois das 02h00 da manhã que a criatividade é mais evidente (aliás, como é normal nos grandes vultos das letras do nosso século), onde se alcançam elevados patamares de uma "performance" criativa necessária às composições de grande complexidade com que brindam o seu público;


  • Uma consciência apurada de solidariedade para com os outros - os membros da Orxestra são cidadãos conscientes da importância social deste organismo. Através de um esforço conjunto e de um espirito de equipa invejável, promovem e fomentam junto a terceiros a preferência dos artigos nacionais, através do consumo de dois terços da produção nacional de cerveja e de vinho. Esse consumo sustentado permite o combate ao desemprego, e logo, a manutenção de muitos postos de trabalho directa e indirectamente ligados à produção da cerveja e dos vinhos nacionais. O escoamento no mercado nacional de cerveja e vinho permite às empresas concentrarem-se exclusivamente na captação de novos mercados a nível internacional e gerar riqueza para o nosso país.

Os instrumentos musicais da Orxestra dividem-se essencialmente em dois grupos:

  • Os Sérios - constituidos pelos instrumentos mais tradicionais, de execução relativamente simples onde pontuam guitarras, bandolins, cavaquinhos, percurssões, etc...


  • Os Seríssimos - instrumentos de elevada precisão musical aliada a uma apurada técnica de execução, só ao alcance de alguns após muita horas de ensaio. Bioelectrico-cha-cha-cha, adegafone, autoclismos e sinais de trânsito, são exemplos da diversidade e da riqueza dos sons deste agrupamento. Os Seríssimos são propositadamente calibrados e afinados por técnicos especializados, imediatamente antes da entrada em palco, de forma a manterem a mais rigorosa afinação musical com a qual se caracteriza a qualidade musical da Pitagórica (ver fotografias neste blog).
A necessidade de anonimato em palco surgiu como um factor de independência para conseguirem efectuar críticas incisivas às personalidades e instituições visadas nos seus textos. Este anonimato foi desenvolvido no período anterior a 1974 como consequência da perseguição política da polícia de estado de então. As suas vestes foram desenvolvidas por um estilista francês anónimo (por motivos óbvios...) de afirmada reputação mundial, que conseguiu conjugar o "naife" ao mais elaborado da alta costura internacional da época. Para os caloiros foi concebida um cueiro/fralda de cor branca, com motivos helénicos e uns apêndices a colocar na testa baseados em motivos campestres do interior de Portugal. Para os doutores, utilizou os motivos dos trajes académicos da época com algumas modificações que permitiram manter a sua posição dominante face ao caloiro: sapato e meia preta, ceroulas "demodé" brancas, batina académica vestida do avesso, uma aplicação branca (do tipo turbante árabe) fixada à cabeça pela gravata preta, por vezes com uns imprescindíveis óculos escuros. Esta conjugação, de recorte finíssimo para a época, ainda hoje se mantém inalterada sendo um dos símbolos mais identificadores da Orxestra Pitagórica pelos seus fans.

As actuações da Orxestra Pitagórica são pujantes de energia, criativas e inovadoras, cúmplices com o público que adere rapidamente, onde se comprova o espírito criativo a fluir através da dualidade poética cerveja/vinho.

Ser Pitagórico é um estado de alma!
É um olhar priveligiado sobre a sociedade!
Ser Pitagórico é um estado que nos acompanha vida fora!

Ninguém consegue ficar indiferente à Orxestra Pitagórica!...
Viva a Maria da Fonte!!!

"E a mulher tem dois buracos!
E eu tapum, tapum, tapum!"

Alfredo Mercúrio

3 comentários:

  1. Viva,

    Sabem uma coisa? Senão fosse a PIDE/DGS podíamos fazer um projecto Pitagórico no universo nacional...jeito e tolos não faltam...e olha que haveria serviços "a rodos"...punhamos o Quim Barreiros num bolso e dos pequeninos...o pior é a PIDE/DGS, que eles andem aí mas agora não sabemos quem são! Intigamente savíamos...
    Isto não está fácil...cada vez pior!

    Um Abraço

    AC

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  2. Ò Midinho... como é que tu não consegues colocar um comentário e eu consigo?
    Deve ser por causa das obras que tem havido para esses lados que estão a afectar os computadores(ah, ah, ah...)
    Um abraço

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  3. Maria José Amaro2/4/09 8:38 da tarde

    Olá Mesquita

    O teu blog está o máximo... cheio de inventiva, bom gosto e super informativo. Parabéns!!!
    A pitagórica é mesmo um estado de alma... Só quem esteve lá e viu é que o pode confirmar.
    Beijinhos

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