29/09/2009
É palha, senhor... é palha!
"O número 3 da lista do CDS-PP, partido do Dr. Paulo Portas, candidata à Câmara Municipal de Moura foi constituido arguido por ter sido apanhado a furtar palha de uma herdade. O candidato em causa foi detido pela GNR quando, juntamente com outros dois indivíduos, se encontravam a carregar fardos de palha de uma herdade localizada na periferia de Moura.
De acordo com a GNR, o caso ocorreu por volta das 18h30 da sexta-feira passada, quando uma patrulha em missão de serviço detectou três indivíduos a carregar fardos de palha. Segundo a declaração de uma fonte da GNR " ...já tinham diversos fardos carregados numa carrinha quando foram interceptados. Surgiu a suspeita de que poderia tratar-se de um furto, e depois, o proprietário da herdade acabou por formalizar a queixa, levando-nos à detenção dos três indivíduos.".
A cabeça de lista e presidente da distrital de Beja do CDS-PP, confirmaria o envolvimento do referido elemento no furto. Na confrontação com a imprensa local declararia que " A minha decisão é simples. Somos democratas-cristãos e está explicito na Bíblia que quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Não é por meia dúzia de fardos de palha velhos que vamos tirar a pessoa em causa da lista candidata à Câmara Municipal. Cabe à justiça e a Deus julgarem o acto. Não estou a desculpablizar a pessoa. No entanto, já o chamei à razão, e já lhe disse que quando se quer criar outro estilo de vida temos de começar a mudar! Lamento profundamento o aproveitamento político do caso e não percebo como é que três ou quatro fardos de palha equivalem a casos como o BPN, o BPP ou o Freeport", concluiu!
Após a formalização da queixa pelo proprietário da herdade, o suposto arguido ficou a aguardar em liberdade o desenrolar do processo."
Depois desta história que mais se poderá dizer quando o hábito de roubar está tão enraizado nos polítcos portugueses. Já não chegam as histórias de corrupção na compra dos submarinos ou do caso Freeport ainda temos de os aturar a roubar fardos de palha?... Ainda por cima velhos?... TENHAM DÓ, MEUS SENHORES, TENHAM DÓ!
"O PAÍS ENDOIDOU DE VEZ!"
VOLTA ALBERTO JOÃO JARDIM... TÁS PERDOADO!
Artur Mesquita
14/09/2009
A genialidade de Edgar Cardoso

impensável nos nossos dias:
Verdadeiramente genial como engenheiro, o seu feitio de difícil trato trouxe-lhe algumas inimizades, sobretudo entre colegas cujas opiniões nem sempre eram bem aceites. Ciente da sua indiscutível sapiência, facilmente se envolvia em polémicas que ultrapassavam o limite da razoabilidade. Numa reunião de obra durante a construção da Ponte da Figueira da Foz, hoje Ponte Engenheiro Edgar Cardoso, um jovem engenheiro terá sugerido uma qualquer alteração a uma indicação do Professor. A sua resposta foi demolidora: " - Ó meu amigo! Em Portugal só há uma pessoa de quem aceito sugestões: O Prof. Joaquim Sarmento da FEUP!"
Apesar da sua idade avançada e da sua competência, nem sempre foi devidamente tratado pelos orgãos de comunicação social em Portugal. O carrocel mediático bateu-lhe à porta por diversas vezes de tal forma que não teve qualquer tipo de ressentimento em demonstrar o seu desprezo por alguns jornalistas ávidos de sensacionalismo. Uma dessas vezes aconteceu durante uma peritagem à pala do Estádio José de Alvalade. Corria o boato (não é possível chamar-lhe outra coisa) lançado por um iluminado (ou iluminados) que, supostamente, a pala encontrar-se-ia em risco de colapso devido à degradação da sua estrutura. Depois de uma atenta análise à mesma, o Professor não teve qualquer tipo de problema em colocar-se na sua face superior afirmando que "quem firmou que a pala iria cair devia pensar duas vezes porque era bem provável que essa pessoa (ou pessoas) poderiam morrer de velhice antes da ocorrência desse acontecimento!".
Outra história que as televisões exploraram até ao limite do razoável reporta-se à altura da construção da Ponte de S. João, no Porto, obra com alguns problemas relativamente à decisão política da sua construção. Na sua elevada complexidade técnica podemos encontrar o motivo para o derrapamento financeiro do projecto e para os adiamentos da sua conclusão. Conforme na altura foi descrito pelo Engenheiro Edgar Cardoso, a dissipação dos esforços transmitidos à estrutura das composições ferroviárias circulantes condicionava fortemente a forma dos pilares de suporte do tabuleiro. Assim, o Professor com base na sua experiência "esculpiu" a forma dos pilares em cenouras antes de se proceder ao seu cálculo estrutural. Este pormenor delicioso aliado à sua idade avançada e aos sucessivos adiamentos do fim da construção (na altura comentava-se que se o Engenheiro porventura morresse seria extremamente difícil, devido aos seus métodos de cálculo, encontrar um técnico capaz de prosseguir os cálculos estruturais da ponte de forma a finalizar a sua construção), seria ´"perseguido" pelos jornalistas de tal forma que numa dessas vezes diria para um canal de televisão "agora não me chateiem mais que vou mijar!".
E ela aí está em toda a sua exuberante elegância.
Da sua obra salientam-se as suas poéticas e distintas pontes, esculturas de uma vida ligada à arte de projectar, inovadoras e imponentes. Os seus projectos, fruto da sua impressionante capacidade inventiva e intuitiva, colocaram-no como um dos maiores divulgadores do betão armado e pré-esforçado no mundo. Em 1990, o seu curriculum referia cerca de 500 estudos e projectos de pontes e estruturas especiais (pontes, pontes-cais, aeroportos sobre o mar, consolidação de muros de suporte...).
Para quando o devido reconhecimento do Engenheiro e do Homem no nosso país?
Artur Mesquita
Fontes consultadas
"Edgar Cardoso, engenheiro civil", Luis Lousada Soares, FEUP, Edição 2004
"Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto, http://sigarra.up.pt/ "
09/09/2009
Quem é Nuno Crato

28/08/2009
Vinha biológica no Vale da Vilariça

27/08/2009
Ouro para Portugal

Revisitar Trás-os-Montes
Da majestosa localização do Penedo Durão, perto de Freixo-de-Espada-à-Cinta, pode-se contemplar esta fantástica e imensa paisagem.
O rio Douro que divide e aproxima as duas margens. Na margem oposta as terras espanholas e a barragem de Freixo-de-Espada-à-Cinta (antiga fronteira guardada por portugueses e espanhóis).
O rio Huebra (Espanha) a desaguar calmamente no Douro.
26/08/2009
O gosto na prova de vinhos
Olhos e nariz abrem o caminho à prova de boca, onde o gosto "mede" verdadeiramente o que temos dentro do copo. "Bom" ou "mau" tudo dependerá do conhecimento, da cultura e dos critérios de escolha de cada um de nós. Mas o gosto também se educa...
O que é o GOSTO?
É o estímulo emitido por moléculas e iões presentes nas inúmeras soluções que ingerimos e recebido pelas papilas gustativas localizadas na cavidade bucofaríngea. Se quisermos ser rigorosos esta é talvez a parte mais complexa de toda a prova. Mas se, pelo contrário, quisermos ser práticos e superficiais, bastará muito simplesmente tentar sentir o quanto diferente é o vinho em prova, da água. Não servirá para escrever uma nota de prova mas ajudar-nos-á a sentir e a comunicar com o vinho. Para quem quer ir um pouco mais longe podemos falar de várias particularidades do sentido do gosto e também dos 4 sabores básicos.
- DUAS LEIS BÁSICAS - Na prova de boca podemos sentir os aromas de boca (através do canal retronasal), os 4 gostos básicos e as sensações tácteis de temperatura. Na prova de boca avaliamos também o equilíbrio gustativo do vinho em causa assim como a sua qualidade geral, complexidade e nos melhores casos, o tipo de carácter que oferece à prova. Duas leis básicas influem fortemente neste momento de prova: a prática da prova desenvolve a percepção do gosto enquanto que rotinas e hábitos rígidos tendem a diminui-la. No primeiro caso devemos entender igualmente que esta prática deve ser a mais diversificada possível, enquanto que no segundo os exemplos de uma pessoa que se habitua ao sabor amargo do café e deixa de lhe deitar açúcar, ou de outra habituada a comer comida sem sal e que será muito sensível a este gosto ou ainda para um guloso para quem os doces podem tornar-se um vício pois que nunca são suficientes, explicam os riscos, em termos de flexibilidade do gosto, das rotinas alimentares.
- AS BOCAS SÃO TODAS DIFERENTES - O que é que provamos? Provamos misturas de saliva com um determinado produto. A introdução de comida na boca, ou apenas a sugestão desse estímulo leva a um acréscimo da actividade glandular que logo enriquece a boca com saliva cheia de sucos digestivos e respectivas enzimas. Assim sendo, nós provamos sempre não apenas o vinho mas sim uma mistura de vinho com saliva. Como a composição da saliva é diferente entre os seres humanos, particularmente no que se refere à percepção da acidez (pH da saliva e sua ligação vinho/saliva) e da adstringência (relação das proteínas salivares com o tanino do vinho), é de aceitar que todos nós provamos de um modo próprio. Devemos também aceitar que o limiar de percepção varia conforme o indivíduo, existindo mesmo algumas pessoas que sofrem de agustia (perda total do gosto) ou hipogustia (perda parcial do gosto). A hipogustia é mais comum e aceita-se que cerca de metade da população possa sofrer desta alteração. Pessoas que gostam mais de vinagre são pouco sensíveis ao gosto ácido ou pessoas que abusam do sal são pouco sensíveis ao gosto salgado, etc.
- OS 4 SABORES - Além das percepções tácteis e de temperatura, a boca permite a percepção de 4 gostos ou sabores: doce, salgado, ácido e amargo. Toda a superfície da língua possui receptores de estímulos gustativos mas a sua sensibilidade aos gostos é bastante diferente. Por sistematização da técnica de prova aceita-se que o gosto doce se sente na parte anterior da língua ( sensivelmentejunto à ponta da língua), o salgado nas duas pequenas áreas anteriores laterais, o ácido nas partes laterais e o amargo na zona central posterior. Mas, na verdade não é bem assim. Todas estas áreas misturam-se e sobrepõem-se umas às outras. O sabor DOCE em quantidades muito variáveis consoante o tipo de vinho, chega-nos através dos açúcares (glucose e frutose) e dos álcoois (etanol, glicerol, butileno glicol...).
O ÁCIDO vem de vários ácidos presentes no vinho: tartárico (gosto duro), málico (verde), cítrico (fresco), sucínico (amargo e salgado), láctico (azedo) e acético ( acre).
O sabor SALGADO vem dos saIs minerais e orgânicos (2 a 4 gr/l).
O gosto AMARGO é da responsabilidade dos compostos fenólicos (taninos e antocianas), presentes nos vinhos tintos entre 1 e 4 gr/l, e nos brancos nalgumas dezenas de miligramas por litro. Quando um vinho rico em taninos provoca adstringência na boca não é mais que a coagulação das proteínas salivares em contacto com o tanino do vinho.
DIFERENTES FUNÇÕES - Cada sabor básico tem funções próprias nas sensações e equilibrio de prova que transmitem.
O DOCE dá a sensação de corpo, volume e, quando em excesso, de peso. Para muitas pessoas é realmente o único sabor que interessa. Modera e equilibra a acidez, a adstringência e o amargo, que por sua vez lhe moderam a intensidade.
O ÁCIDO dá forma e realça a fruta, torna os vinhos mais leves e vivos. Nos vinhos brancos responde pela estrutura e longevidade. Acidez excessiva tende a diminuir a produção de saliva e uma acidez equilibrada tende a estimulá-la.
O sabor SALGADO não é preceptível na maioria dos vinhos mas contribui para o seu equilíbrio e funciona como um intensificador de qualquer um dos outros sabores.
O sabor AMARGO depende do tipo e grau de maturação dos taninos. Faz parte da vinosidade e da estrutura dos vinhos tintos e a sua qualidade é indispensável num bom vinho.
OS SABORES BÁSICOS DA PROVA - Aos 4 sabores básicos estão normalmente associados diversos termos na prova de vinhos.
DOCE - muito doce, enjoativo, pesado, monótono, meloso, maduro, axaropado, doce, meio doce, meio seco, seco...
AMARGO - Verde, vegetal, herbáceo, acre, acerbo, austero...
ÁCIDO - Acídulo, mordente, picante, azedo, plano, frouxo, brando, moderado, suave, nervoso, vivo, viçoso, fresco...
SALGADO - sais, salgado, iodado...
BOAS PROVAS!
29/06/2009
Acabaram os vinhos "Terras do Sado"
Todas as especificações técnicas e geográficas podem ser consultadas na Portaria nº 695/2009, de 29 de Junho.
Artur Mesquita
24/04/2009
Acabaram os vinhos da Estremadura
Identicamente a outras regiões, foi criada a Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa à qual compete o controlo da produção , o comércio e a certificação dos vinhos IG Lisboa.
Artrur Mesquita
15/04/2009
Mateus Rosé

Vinho do Sr. Martell
Estes produtos eram consumidos em grandes quantidades, quer aqui na metrópole, quer no ultramar português de então. Seguiram-se várias crises vinhateiras responsáveis pela queda de governos, tanto na monarquia como já na república.
Chamaram-se técnicos de vários países e de França veio o Sr Martell que conseguiu replantar muitas das vinhas do Ribatejo e da Estremadura pondo-as a dar frutos. Graças às enxertias que utilizava, as videiras sobreviveram e o vinho começou a ser feito novamente. De tal forma foi que o aumento da produção de vinho que o povo começou a falar em "vinho feitos à Martell". Daí à expressão ainda hoje utilizada de "vinho a martelo" foi um pequeno salto. De salientar que a conotação negativa que esta frase tem hoje (vinho feito por meios ilícitos) não tem comparação com a época da estada do Sr. Martell em Portugal.
Artur Mesquita (Fonte:IVDP)
O vinho e as mulheres
O corpo masculino contém cerca de 70% de líquidos ao contrário das mulheres que só atinge os 65%. Uma mulher e um homem com o mesmo peso que bebam o mesmo volume de álcool são afectados de forma diferente. Esse volume de álcool dilui-se mais nos homens porque têm mais água no seu organismo. Por outro lado, o homem costuma ser mais pesado do que a mulher. Esse facto aumenta o volume de proporção do líquido no seu corpo. Eis a justificação para as figuras que as mulheres costumam fazer quando bebem uns copos!
Claro que existem algumas excepções...
Artur Mesquita
O vinho "leve"

Há muitos anos atrás, quando esta marca foi criada, procurava-se um vinho fácil de beber, mais atractivo para os paladares de quem conhecia a região do Douro (antigamente os vinhos não tinham a qualidade dos nossos dias...). Em suma, pretendia-se encontrar um vinho leve que fosse agradável de beber.
Quando finalmente os enólogos chegaram a um lote que era satisfatório foi necessário criar uma marca para comercializar esse vinho. Então alguém se lembrou de registar a palavra "leve" ao contrário. Em markting, esta decisão foi importante: "Evel" é uma palavra fácil de pronunciar e de recordar!
Artur Mesquita (Fonte: IVDP)
Fraudes do Vinho Fino (Vinho do Porto)
Ao comprar uma garrafa de Vinho Fino (esta é a verdadeira designação na região onde ele é produzido) analise atentamente o que tem pretensões de comprar.
Poderão ver as imitações em
http://www.ivp.pt/pagina.asp?codPag=96&codSeccao=6&idioma=0
Artur Mesquita
09/04/2009
Monóptero de São Gonçalo
A estranheza do local e a beleza do monumento contribuiram para aumentar a minha curiosidade sobre a origem de tão bela construção. Deambular pelo planalto mirandês e, de repente, no meio do monte dar de caras com esta construção foi uma experiência rara e inesquecível.
Depois de algumas pesquisa, consegui saber que é um monumento em vias de classificação (com despacho de abertura de 31 de Agosto de 1993). Em vias de classificação desde 1993? Devem estar a brincar comigo! Claro, está localizado em Trás-os-Montes, muito longe da capital e por isso totalmente esquecido. Que País é este que não cuida da sua história? Por onde andam os senhores do IPPAR?
A informação que pude reunir e que pretendo divulgar é que se encontra localizado no interior da Quinta Nova (Quinta da Nogueira, para alguns), a poucos quilómetros de Mogadouro. O acesso faz-se por um caminho de terra batida com acesso condicionado a um 4X4, saindo de Mogadouro em direcção de Penas Róias. Segundo alguns entendidos, este é um monumento único na Península Ibérica, dentro do seu género. Um exemplar barroco de grande raridade. Foi erguido pelos Távoras, outrora senhores de grande parte da região, em homenagem a S. Gonçalo, patrono dos caçadores.
A sua construção, realizada em granito (com excepção da sua cúpula), é de planta circular assente sobre quatro degraus circulares. Sobre estes degraus erguem-se 6 paralelipípedos onde nascem 6 colunas com cerca de 1,90m de altura, encimadas cada uma por um capitel jónico (ver fotografias dos pormenores). Sobre estes corre um travejamento circular de cerca de 3 metros rematado por uma cornija do tipo balaustrada, donde nasce uma cúpula (já quase totalmente destruída) feita em material cerâmico aparelhado (pareceu-me a mim) com saibro a qual tinha a função de protecção dos seus ocupantes. O seu pavimento em lajeado de granito apresenta no centro uma cavidade onde, segundo alguns autores, estaria implantada a base da imagem de São Gonçalo.
Ao lado do local onde hoje podemos encontrar este monumento de arquitectura religiosa (onde actualmente se ergue uma construção tradicional em pedra construida sobre as fundações originais) existiu outrora uma ermida com a mesma invocação, fundada cerca de 1571. Em 1720, devido ao seu grau de avançada ruína, apenas existia a capela-mor onde se recolhia o gado.
A construção deste monóptero foi comparticipada pela população local e tinha como finalidade albergar a imagem de São Gonçalo. Portanto destinava-se a "assinalar um lugar santo, tal como a cruz assinalava as cabeceiras das igrejas paroquiais abandonadas".
A divulgação desta situação é imperiosa devido ao estado de ruína em que se encontra este monumento. Se alguém souber mais alguma informação sobre esta construção entre em contacto com este blog ou através do meu endereço electrónico.
Artur Mesquita
08/04/2009
Cântico Negro

"Eu tenho a minha loucura!...
Levanto-a como um facho a arder na noite escura!"
Nunca José Régio teve tanta verdade...
Um refrescante banho de palavras...
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "Vem por aqui?"
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre nas vossas veias sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a como um facho a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe,
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "Vem por aqui!"
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
31/03/2009

Michel Barnier, ministro francês da agricultura, já veio afirmar que mesmo no caso da ractificação da nova legislação, "a França proibirá a comercialização de vinho rosé produzido pela mistura de vinhos branco e tinto, por respeito à qualidade, às tradições vinícolas e ao consumidor". O que ele não diz é que tem os produtores franceses à perna por causa desta nova directiva e que a França é somente, o maior produtor mundial de vinho rosé.
Já há uns dias eu escrevi aqui o absurdo desta situação num mercado onde o vinho tem relevante importância nos países produtores do sul da Europa, quer em termos financeiros, quer em termos de tradição. Vamos então tentar deixar os "bairrismos" de parte e desmistificar esta situação!
A legislação de alguns países permite práticas que nós podemos, à partida, considerar absurdas. Um exemplo flagrante é o caso de alguns países do norte da Europa, como a Alemanha, permitirem legalmente a "chaptalização" dos vinhos brancos, que mais não é do que a adição de açúcar ao vinho na fase de fermentação. Não existindo horas suficientes de sol que permitam o amadurecimento das uvas na videira, adiciona-se açúcar ao mosto na fermentação para se conseguir um vinho com um maior grau alcoólico. Assim, a prática é introduzir artificialmente esse açúcar para prolongar a fermentação e aumentar o grau alcoólico do vinho.
Outro exemplo é o caso actual do vinho rosé misturado, acto legalmente admissível em alguns países do novo mundo. Simplisticamente, o mercado fornece ao consumidor o que é mais vantajoso renegando a qualidade do produto final para segundo plano. É a liberalização selvagem do mercado! Vejamos o que a "fabricação" de um rosé pela mistura de vinho branco com vinho tinto pode permitir:
- Mascarar a qualidade - mesmo que um dos vinhos seja de qualidade inferior o outro pode-se sobrepor anulando os defeitos do primeiro;
- Iludir o consumidor relativamente à qualidade final do vinho;
- "Fabricar" vinho rosé em qualquer altura do ano, independentemente das estações e do clima;
- Aumentar substancialmente o lucro dos produtores - quanto a mim é esta a razão principal!
Com a qualidade que os nossos vinhos possuem precisaremos de vinhos feitos desta forma?
Finalmente, eu gostaria de ver o nosso ministro da agricultura ao lado do francês. Apesar dos vinhos rosés não ocuparem um lugar de destaque no nosso consumo, é um problema que também nos toca a nós, directa e indirectamente!Agora que a Primavera começa a aparecer, aproveitem para apreciar um bom rosé português, a acompanhar um prato de carnes brancas e magras grelhadas no carvão ou, somente, com uns morangos sumarentos e bem maduros!...
Artur Mesquita
27/03/2009
O vinho e os restaurantes

Constantino, guardador de vacas e de sonhos!


"Terroir" é uma palavra francesa, criada no séc. XIX e "exportada" para todo o mundo, que representa um número, mais ou menos complexo, de factores que influenciam a biologia da videira, e logo, a qualidade da uva e do vinho. Nesses factores incluem-se o clima/microclima, o solo, a topografia, a drenagem dos terrenos, a condução da vinha, etc...
Há quem defenda que um "terroir" consegue transferir para o vinho um gosto único e próprio, mais ou menos identificativo do vinho de uma determinada região (não se esqueçam do que eu escrevi no início: é um conceito francês!).
Ora, como eu sou um homem de ciência e após muita leitura e pesquisa, conclui que é totalmente impossível provar tal ideia, a não ser que façamos como faz a religião... criamos mais um dogma. Acredito que existam muitas mentes contra mim nesta altura, mas o facto indesmentível é que cientificamente não existe qualquer prova que relacione, por exemplo, a composição mineral de um solo com o aroma e o gosto de um determinado vinho produzido nesse solo... e ponto final!
E tudo isto, perguntam vocês, para quê?
Pois, bem. Os franceses sempre foram bons a vender produtos e conceitos (queijos, vinhos, gastronomia, alta costura, perfumes). Sempre foram fieis aos seus "terroirs" de tal modo que os seus vinhos foram considerados como impossíveis de produzir noutras paragens que não aquelas que se encontram dentro do país. O "champagne" é fruto dessa filosofia mercantilista (não confundir o "terroir" com a protecção comercial de uma denominação!). As vinhas da região de Champagne, no nordeste de França, estavam bem delimitadas num território conhecido por ser único no seu "terroir" para a produção deste vinho (essa é a razão pela qual nós chamamos vinho espumante ao «champanhe» produzido no nosso país). Eu escrevi "estavam" porque deixaram de estar!
Como o consumo mundial de "champagne" tem aumentado significativamente e a produção francesa é limitada (como é limitado o terreno da região original), então, à boa maneira francesa, para não se perderem uns biliões de euros, só havia uma solução: aumentar a área passível de produzir "champagne" aumentando a área de denominação da região de Champagne. Claro, lá foi por água abaixo a questão do "terroir"! Agora não dá mesmo jeito nenhum justificar com o dito cujo uma vez que são os valores financeiros que mais alto se levantam.
Não se apoquentem que o vinho em causa continua a ser do melhor que se pode apreciar.
Posto isto, eu só gostava de saber em que é que ficamos? Não tenho lido nada sobre este assunto nas publicações mais ou menos especializadas. Será que os críticos adormeceram todos de repente? Ou agora também não dá jeito nenhum trazer este assunto, que já tem uns bons meses, à discussão?
Depois de espicaçadas as consciências, espero que consumam mais do vinho espumante produzido no nosso país, tanto na Bairrada como em Távora-Varosa (que me perdoem as outras regiões mas, quando eu encontrar um vinho espumante com a delicadeza, a finesse, a frescura e a complexidade à altura, eu digo!). É uma bebida extraordinária para ser consumida sozinha ou mesmo para acompanhar alguns pratos.
Por último: já tiveram a oportunidade de visitar as Caves da Murganheira, perto de Tarouca? Pois não sabem o que perdem! São escavadas em granito azul onde repousam as garrafas do vinho espumante mais fantástico de Portugal!
E já agora, levem um livro do Miguel Torga debaixo do braço! Sintam-se tentados!...
À vossa! Tchim... tchim...
Artur Mesquita
26/03/2009
A paixão segundo Zezito, sobrinho do senhor Júlio Monteiro

Relação dos objectos à venda por motivos de atestada recessão!

Mão amiga, fez-me chegar uma lista não exaustiva desse tipo de coisas que poderíamos - numa espécie de garden sales - pôr à venda por desprezarmos, não ligarmos ou não nos terem préstimo. Ficando, ao menos, a esperança de que algum passante lhes encontre utlilidade e lhes dê destino, ainda que a baixo preço.
Naturalmente, não me cabe a mim - velho, relho e quase acabado observador da coisa pública - valorar a lista. Deixo, pois esse trabalho ao cuidado de cada um.
E posto que a introdução já vai longa, eis a lista:
- 10 ilhas no Atlântico em bom estado (salvo a terceira que dá uns dinheiros que vêm da Base das Lajes);
- Uma impressionante colecção de gravuras paleolíticas, património da Unesco, na Foz do Côa;
- Um porto de águas profundíssimas e um complexo industrial de gabarito na vila de Sines;
- Uma paisagem protegida na Costa Vicentina;
- O doutoramento do Doutor Francisco Louçã;
- Um ministro da agricultura quase sem uso e com um Proder de muitos milhões ainda por distribuir;
- Um estudo para um aeroporto na Ota;
- 500 mil apoiantes do deputado Manuel Alegre;
- 1000 km de auto-estrada excedentes e uma linha de TGV para o Porto e outra, ainda, para Madrid;
- Uma líder da oposição, um pouco usada, mas ainda com muito préstimo na área das Finanças;
- Um conjunto de reformas da CGD que dá para alimentar todas as famílias dos eleitores do Distrito de Beja;
- Uma colecção (Berardo) de arte moderna que vai valer imenso, mas lá para o ano 2018;
- A má-disposição do Dr. Luis Filipe Menezes;
- Um treinador do Benfica que vai aprender alemão e um treinador da selecção que ainda não aprendeu nada;
- O recheio das casas de três ou quatro banqueiros em dificuldades;
- Um programa de Governo, um congresso do PS e umas bizarras bandeiras vermelhas com um punho;
- O canal Benfica;
- As promessas de recuperação económica;
- Todos os livros, todos os discos e todas as obras de arte que o Dr. Santana Lopes foi apreciando ao longo da sua vida fecunda;
- O próprio Dr. Santana Lopes;
- Um conjunto de desmentidos da Presidência da República;
- Os óculos do Dr. Victor Constâncio;
- O curriculum académico (e a hagiografia completa) do Engº Sócrates;
- Um conjunto de jovens da direcção do CDS/PP;
- O sistema eleitoral;
- O Dr. Santana Lopes (penso que há aqui, talvez não inadvertidamente, uma repetição).
E pronto. São estas as coisas que Portugal pode vender sem se tornar mais pobre e com certa possibilidade de arrecadar umas massas, assim arranje uns incautos.
Comendador Marques de Correia
23/03/2009
Orxestra Pitagórica - Um cateto de tinto

É um grupo musical pertencente à Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra que utiliza o humor como arma crítica sarcástica à condição humana. Nada escapa ao olhar atento e crítico desta Orxestra. Composta exclusivamente por estudantes universitários de Coimbra, cria letras sobre músicas de canções de grande sucesso, nacionais ou estrangeiras. O seu repertório inclui uma vastidão de temas musicais, desde a vertente mais clássica e erudita (óperas, sinfonias...) à música popular portuguesa, passando pelo rock, pela música ligeira e até pela música de elevador e de WC!
A Orxestra Pitagórica é uma miscelânea de criatividades fora do normal, incrivelmente bem conseguidas através de métodos de ensaio experimentais estudados e concebidos em laboratório (in vitro), onde se podem sentir as ligações ao mais sagrado que existe no universo académico coimbrão - a praxe académica e o caloiro. Figura central de uma sociedade académica, o caloiro coimbrão consegue reunir em si as características que a mãe natureza se permitiu criar e cruzar, do asno ao adolescente borbulhado acabado de chegar à cidade. Logo ultrapassada esta fase embrionária, a conjugação das caracterísiticas e dos conhecimentos adquiridos no curso superior e na Pitagórica possibilitará ao caloiro e futuro doutor a ascensão às mais altas e esferas e cargos do país.
A Orxestra desenvolve a sua existência assente em três pilares de excelência:
- O nível superior da formação musical dos seus executantes - bem patente nas suas composições de uma apurada e complexa execução técnica, fruto de ensaios prolongados onde as repetições até à exaustão se efectuam, normalmente, depois das 02h00 da manhã;
- O nível da sua criatividade poética - é depois das 02h00 da manhã que a criatividade é mais evidente (aliás, como é normal nos grandes vultos das letras do nosso século), onde se alcançam elevados patamares de uma "performance" criativa necessária às composições de grande complexidade com que brindam o seu público;
- Uma consciência apurada de solidariedade para com os outros - os membros da Orxestra são cidadãos conscientes da importância social deste organismo. Através de um esforço conjunto e de um espirito de equipa invejável, promovem e fomentam junto a terceiros a preferência dos artigos nacionais, através do consumo de dois terços da produção nacional de cerveja e de vinho. Esse consumo sustentado permite o combate ao desemprego, e logo, a manutenção de muitos postos de trabalho directa e indirectamente ligados à produção da cerveja e dos vinhos nacionais. O escoamento no mercado nacional de cerveja e vinho permite às empresas concentrarem-se exclusivamente na captação de novos mercados a nível internacional e gerar riqueza para o nosso país.
Os instrumentos musicais da Orxestra dividem-se essencialmente em dois grupos:
- Os Sérios - constituidos pelos instrumentos mais tradicionais, de execução relativamente simples onde pontuam guitarras, bandolins, cavaquinhos, percurssões, etc...
- Os Seríssimos - instrumentos de elevada precisão musical aliada a uma apurada técnica de execução, só ao alcance de alguns após muita horas de ensaio. Bioelectrico-cha-cha-cha, adegafone, autoclismos e sinais de trânsito, são exemplos da diversidade e da riqueza dos sons deste agrupamento. Os Seríssimos são propositadamente calibrados e afinados por técnicos especializados, imediatamente antes da entrada em palco, de forma a manterem a mais rigorosa afinação musical com a qual se caracteriza a qualidade musical da Pitagórica (ver fotografias neste blog).
As actuações da Orxestra Pitagórica são pujantes de energia, criativas e inovadoras, cúmplices com o público que adere rapidamente, onde se comprova o espírito criativo a fluir através da dualidade poética cerveja/vinho.
Ser Pitagórico é um estado de alma!
É um olhar priveligiado sobre a sociedade!
Ser Pitagórico é um estado que nos acompanha vida fora!
Ninguém consegue ficar indiferente à Orxestra Pitagórica!...
Viva a Maria da Fonte!!!
"E a mulher tem dois buracos!
E eu tapum, tapum, tapum!"
Alfredo Mercúrio
19/03/2009
ASSIM, SIM!
Este acordo foi alcançado, numa primeira fase, durante o último mês de Setembro, com o comprometimento da administração norte americana a apresentar uma proposta ao Congresso para que as denominações dos vinhos da UE, como Borgonha, Champanhe, Tokay, Chablis, Porto, Madeira, Jerez, Chianti, e outros, deixassem de ser consideradas como nomes passíveis de utilização neste país, como sucede actualmente, e se limitassem ao país de origem.
O acordo abrange ainda os novos requisitos de certificação implementados nos EUA e as regras existentes na UE sobre a rotulagem dos vinhos. Na área jurídica, as duas partes comprometeram-se a resolver qualquer futuro problema relacionado com o comércio de vinho através de consultas bilaterais informais em vez da utilização dos mecanismos de resolução de conflitos.
Além do valor que o mercado norte-americano tem para a UE, cerca de 2.000 milhões de euros (dados do ano de 2004), este consenso permite eliminar incertezas jurídicas que persitiam no comércio de vinho, além da importância inerente à protecção das próprias denominações em si.
Salvaguardando as existências nos armazéns europeus dos vinhos importados dos EUA, desde o passado dia 10 de Março que os EUA não podem exportar qualquer vinho com estas denominações para a UE.
Artur Mesquita
ASSIM, NÃO!
Num acordo firmado recentemente com a Austrália sobre a protecção das denominações dos vinhos europeus, em consonância com o alcançado com os EUA, a UE permitiu a importação para o espaço europeu de vinhos australianos com um teor de álcool inferior a 8% do volume (a actual regulamentação comunitária define que a comercialização de um produto sob a denominação "vinho" só seja possível com um grau alcoólico igual ou superior a 8%). A desalcoolização dos vinhos é processada através do método de osmose inversa.
Em França, a Associação de Produtores de Vinho já classificou a mistura do vinho branco com o vinho tinto como uma "aberração" uma vez que irá criar "confusão ao consumidor sobre a distinção entre um vinho rosé tradicional e outro branco no qual foram adicionadas umas gotas de tinto".
Claro, digo eu, que o bebam eles!!!
O facto é que esta nova regulamentação já foi analisada e aceite pelos peritos da UE e remetida para a Organização Mundial de Comércio. Passada esta fase, deverá ser ratificada pela União Europeia.
Pela minha parte, irei manter-me fiel à tradição:
B T M
ou seja,
Branco e Tinto só do Melhor
(... e sem misturas!)
Artur Mesquita
16/03/2009
Galileu Galilei

Galileu era uma pessoa que acreditava na matemática como um instrumento superior à própria lógica. A sua permanente curiosidade científica era apoiada essencialmente em métodos experimentais limitados a regras matemáticas pré-concebidas. Estávamos em 15 de Fevereiro de 1564, na cidade de Pisa, data do seu nascimento. Sem o conhecimento que hoje possuimos, não deixa de ser extraordinário os conceitos que utilizava na condução das suas experiências científicas...
Da sua vida, destacam-se dois importantes momentos em termos científicos. Em 1632, ou seja, com a idade de 68 anos (!!!), publica "O Diálogo sobre os Dois Sistemas do Mundo" para no ano seguinte ser obrigado pela Igreja Católica (facilmente podemos imaginar o poder que a Igreja tinha sobre as pessoas...) a abjurar as suas convicções, condenando-o à prisão. A publicação de qualquer trabalho seu tornou-se proibida pelo Index. E em 1638, com a idade de 74 anos (!!!), publica o seu último livro intitulado "Discurso das Duas Novas Ciências, Mecânica e Dinâmica" cuja cópia manuscrita tinha sido contrabandeada para França.
Algumas invenções
- termoscópio, o microscópio, o telescópio, o relógio de pêndulo, a balança hidrostática...
- Harvey usou o princípio de medida de pulsação através de pêndulo para calcular a capacidade de bombagem do coração - 234kg de sangue/hora;
- Fez inúmeras contribuições para a compreensão das leis que regulam o movimento dos objectos - aceleração da gravidade;
- O conceito de inércia quando definiu que "Na ausência de uma força, um objecto continua a mover-se com movimento rectilíneo e com velocidade constante"...
Morreria em 1642 para alguns meses mais tarde nascer Isaac Newton que se encarregaria de desenvolver as suas leis do movimento acabando de vez com as ideias de Aristóteles que tinham dominado as mentes durante quase 2000 anos.
Galileu apoiou a teoria de Copérnico de um universo heliocêntrico, de uma Terra móvel à volta do Sol - "Eppur si muove" - conceito que provou experimentalmente. Não conseguiu evitar as acusações de heresia movidas pela Inquisição. Somente em 1982, por intermédio do Papa João Paulo II, a igreja se iria redimir deste erro. Será que sim? Quantos Galileus ainda existem ou existiram sem que a "remissão dos seus pecados fosse permitida pela Igreja Católica"?Artur Mesquita
Vinho e Saúde I

Teplow e a sua equipa verificaram e estudaram a forma como os polifenóis do vinho bloqueiam a formação de proteínas que formam a placa tóxica no circuito sanguíneo. Há já muito tempo que se especula que esta placa obstruiria as artérias originando a doença de Alzheimer. Esta importante investigação publicada recentemente numa edição do Journal of Biological Chemistry, recorreu a ratos em laboratório para explicar a mecânica da acção anti-placa dos diferentes polifenóis. Os cientistas injectaram polifenóis destilados de bagos de uva nestes animais e observaram que não só tinham impedido a formação das proteínas danosas, mas também, tinham conseguido reduzir a sua toxicidade. Puderam verificar como dois tipos de proteínas que se encontram no sangue humano podem causar cardiopatias ou a doença de Alzheimer. Esta descoberta está pronta a ser testada em seres humanos, podendo converter-se no primeiro tratamento que consegue atrasar significativamente o desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Fonte:RV/El Mundo
Vinho e Saúde II

Na mesma revista pode ainda ler-se que o composto do vinho tinto que dá pelo nome de Resveratrol foi capaz de reduzir a quantidade de gordura produzida nos fígados de ratos, que tinham sido alimentados em laboratório com uma perigosa dieta de álcool. A acumulação de gordura no fígado era, até então, uma condição crónica regularmente associada ao alcoolismo. A pesquisa parece ter demonstrado que o Resveratrol aumenta o ritmo a que é eliminada a gordura do fígado. A explicação mais provável para este efeito é a de que este composto consegue controlar as enzimas que regulam o metabolismo da gordura nos ratos. Dado que as doses de Resveratrol administradas implicariam o consumo de várias garrafas de vinho por dia, os cientistas não aconselham, por motivos óbvios, que as pessoas, especialmente os alcoólicos, a beber para resolver problemas de saúde com o fígado.
Fonte: RV/WineSpectator
02/03/2009
Tarde em Itapoã

A reconquista cristã do casamento

Mais de um milénio depois, os mouros estão de volta a Portugal e desta vez querem casar connosco. Em 711 vieram para lutar; agora vêm para contrair matrimónio o que, pensando bem, é quase a mesma coisa, se não for mais sangrento. Por sorte, os cruzados continuam da atalaia e, depois de terem rechaçado a invasão da Península Ibérica, parecem prontos a impedir esta nova e igualmente perniciosa invasão das conservatórias.
Pessoalmente, confesso que não dei por nada. Só sei que os mouros voltaram porque, no espaço de pouco mais de um mês, dois cardeais foram ao casino da Figueira precatar as moças católicas contra os perigos do casamento com muçulmanos. Eu não conheço uma única senhora que pretenda desposar um muçulmano, nem imagino a razão pela qual os mouros, aparentemente, preferem noivas católicas frequentadoras de casinos. Mas a verdade é que, tendo em conta a frequência dos avisos e o local em que eles são emitidos, o que não falta na Figueira da Foz são donzelas cristãs que, após uma tarde de apostas na roleta, desejam unir-se em casamento com um seguidor do islamismo.
Vivemos tempos estranhos.
A única senhora com a qual travei conhecimento que casou com um mouro chamava-se Desdémona, e realmente viria a ser assassinada pelo marido, mas não é menos verdade que o principal responsável pela sua morte foi um cristão especialmente pérfido. Suponho que aconselhar as raparigas a evitarem os casamento com mouros que tenham subordinados cristãos particularmente malévolos seja menos eficaz, e até menos prático, mas de acordo com a minha experiência pessoal é, de facto, o mais apropriado.
Não quero com isto dizer que desconsiderei as recomendações dos cardeais.
Pelo contrário, tomei-as a sério: nunca ninguém me há-de ver casado com um muçulmano. Até porque conheço bem o perigo que corremos quando nos relacionamos com pessoas que interpretam literalmente os textos sagrados, como fazem muitos muçulmanos e o cardeal Saraiva Martins. Mas, em Dezembro de 2007, D. José Policarpo disse que o maior drama da humanidade era o ateísmo. Pouco mais de um ano depois, vem alertar as portuguesas para os malefícios do casamento com gente que acredita e muito em Deus, e esquece-se do perigo que representam os incréus. Não digo que, para impedir os casamentos entre católicos e ateus, volte a entrar num casino. Mas custa-me a compreender que não interrompa ao menos um jogo de poker para avisar as jovens católicas que pretendam casar-se com quem professa o maior drama da humanidade. A minha mulher deveria ter tido a oportunidade de saber o monte de sarilhos em que se ia meter. Estar casada com um palerma que não deseja matá-la por causa das suas convicções religiosas é um drama pelo qual nenhum ser humano deveria ser obrigado a passar.
in, Visão, Ricardo Araújo Pereira